O Amor é Forte Como a Morte
Autora: Helen Sarto de Mello
“O Amor é forte como a Morte” (cant. 8.6).
Em minhas meditações hoje, contemplei a morte e o seu significado para o meu coração. Engraçado como muitas coisas em nossas vidas vão mudando de significado durante o passar dos anos, conforme as folhas vão caindo da nossa árvore… Com o tempo a gente aprende, diria meu amado W. Shakespeare, com o tempo a gente reaprende, diria meu amado Rubem Alves e com o tempo a gente aprende o que é o “olhar para trás” que separou Orfeu de sua amada Eurídice. “O amor é forte como a morte” (Cântico dos cânticos 8.6). Conjugada nesse canto do grande e amado Rei Salomão estão as duas maiores forças da natureza: Eros e Thanatos (cf. a trad. dos Septuaginta) – Amor e Morte.
Com o tempo a gente aprende que o amor é forte como a morte.
Assim também cantou Orfeu, ao amado casal Plutão e Prosérpina:
“Ó, divindades do mundo inferior, para o qual todos nós que vivemos teremos que vir um dia, escutai as minhas palavras, pois elas são verdadeiras. Não venho para espionar os segredos do Tártaro, nem para tentar experimentar minha força contra o cão de três cabeças que guarda a entrada. Venho à procura de minha esposa, a cuja mocidade o dente de uma venenosa víbora pôs um fim prematuro. O Amor aqui me trouxe, o Amor, um deus-todo-poderoso que mora entre nós, na Terra, e também aqui, se as velhas tradições dizem a verdade. Imploro-vos: uni de novo os fios da vida de Eurídice. Nós todos somos destinados a vós, e mais cedo ou mais tarde passaremos ao vosso domínio. Também ela, quando tiver cumprido o termo de sua vida, será devidamente vossa. Até então, porém, deixem-na comigo, eu vos imploro. Se recusardes, não poderei voltar sozinho; triunfareis com a morte de nós dois”.
O amor é tão forte como a morte. Um amor forte, intenso… Um amor que é fogo vivo… sobrevive à morte! Por vidas e vidas podemos nos esquecer de quem somos, de quem fomos, do que fomos e do porque fomos. Mas, em muitas vidas teremos a oportunidade de amar! Talvez a vida e a morte só nos sejam dada para aprendermos a AMAR .
Há almas que com o tempo aprendem a amar e há almas que já aprenderam. Há almas que se encontram e reecontram por vidas e vidas, que se distanciam e voltam a se reencontram, assim aprendem a amar, um amor forte sem títulos, sem nomes, sem partes, por inteiro. O amor as une, a morte as separa. O amor as separa, a morte as une.
OBS. O canto magistral e profundamente místico de Orfeu está no LIVRO DE OURO DA MITOLOGIA, de Thomas Bulfinch.
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