Feliz Natal
Esta época do ano sempre me leva a refletir sobre os círculos de amizades e de família.
O natal dos tempos atuais é uma festa puramente comercial. Porém, ainda assim, é um tempo que leva as pessoas a quebrarem algumas barreiras egóicas e a se aproximarem entre si, ainda que seja por alguns breves momentos. Tristemente, silenciados os sinos natalinos, cada um volta ao seu mundo egoísta e pessoal.
Daí a pergunta: o que de mais importante a vida nos oferece neste mundo?
Muitos respondem prontamente que é o dinheiro. Outros, que são os prazeres. Alguns dizem que é a família. Alguns quantos dizem que são as amizades.
Mas, todas essas coisas estão relacionadas à lei da vida ou do RETORNO e RECORRÊNCIA. Ninguém vai ganhar muito dinheiro sem ter méritos para isso. A família é sempre resultante de relacionamentos antigos. O mesmo ocorre com os amigos e com os inimigos.
O dinheiro compra tudo neste mundo, menos aquilo que não está à venda e nem pode ser comprado, como saúde, felicidade, plenitude e PAZ.
Muitos multibilionários tentam afogar inutilmente o seu vazio espiritual, o seu nihilismo existencial, com prazeres, bebidas, coleções de automóveis, mulheres, aviões, barcos, ilhas, festas e badalações.
Alguns chegam ao suicídio por causa desse vazio.
Dinheiro algum do mundo compra a cura de uma enfermidade severa, como câncer e AIDS. Como escutei por aí, as fortunas podem comprar hospitais inteiros e equipá-los com os melhores aparatos tecnológicos, mas nada disso garante a cura.
Todos os velhos do mundo que nos precederam na história já diziam que os prazeres são tão efêmeros quanto nossa juventude ou nossa própria existência de 50, 60, 70 ou 80 anos. Quanto mais “aproveitamos a vida” na juventude, mais sofrida será nossa velhice. Porém não somos capazes de compreender tal verdade.
Enfim, nada disso pode ser ensinado. Só retornos infindáveis nos dão a consciência do óbvio e do simples.
De tudo que já vivi até hoje, tenho apenas como síntese preciosa, unicamente as AMIZADES. Não falo de coleguismos transitórios, nem de amizades de verão (que nunca sobem a serra), nem mesmo de amizades profissionais. Nem pensar em “amizades egóicas”, feitas na orgia, festas e baladas. Não!
Falo de amizades milenares, dessas que se forjam ao longo de ciclos existenciais inteiros, de amizades forjadas no sangue derramado em campos de batalha, em lágrimas compartilhadas em vidas de misérias e sofrimentos, amizades temperadas com renúncias e sacrifícios, enfim, amizades que transcendem a esfera humana e alcançam a família divina que reúnem os Pais Celestes em missões cósmicas que perduram ciclos incalculáveis de tempo.
O problema hoje é que a humanidade dorme profundamente; já perdeu a capacidade de reconhecer aquilo que realmente é valioso. Por isso, ano após ano, tocamos nossa vida de forma mecânica e superficial. Nos vendemos facilmente por um punhado de dinheiro abandonando as vezes família e amizades que não têm preço. Trocamos as coisas simples e puras da vida pelas complexidades falsas da Grande Besta.
Cada um de nós tem seu grupo familiar, seu grupo de amigos, que nos acompanha por vidas e ciclos inteiros. Oxalá pudéssemos aprender a valorizar e a cultivar esses relacionamentos puros e verdadeiros – porque, além da experiência da vida em si, é só isso que levaremos ao além-túmulo quando nossa hora chegar.
Autor: Karl Bunn
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