Estar em Tudo
Temos observado que muitos estudantes ou aspirantes da Gnose parecem ter uma enorme necessidade psicológica de estar presente em tudo e em todas coisas. Querem acender uma vela para cada santo, tentando acomodar num mesmo altar figuras, conceitos, princípios, ideias e sistemas que, as vezes, são até mesmo antagônicos, tendo em vista o tempo, a época e a cultura.
Já nos advertia o Mestre Samael em seus livros sobre a existência dos “borboleteadores de escolas”, os quais jamais conseguiriam nada em suas andanças pelas diferentes ordens. Mais ainda: que “devíamos nos tornar sérios e profundos em nosso trabalho e na disciplina esotérica”. Mas aparentemente se algo mudou nesses anos, foi para pior, porque seguimos nos servindo das mais variadas viandas no buffet esotérico do mundo.
Ainda que, num primeiro momento, essa BUSCA seja necessária, como que para ampliar nossa visão e nossos horizontes espirituais, num segundo momento, quando isso se torna um hábito arraigado, se converte num tremendo obstáculo para qualquer avanço espiritual. Em quantos mais lugares, escolas ou instrutores estamos e ouvimos, mais superficial se torna nosso trabalho – mesmo que tenhamos a ilusão de que estamos indo cada vez melhor. Essa imensa “relação social” nos torna vazios e superficiais porque nos rouba energia, tempo e atenção que deveriam ser dedicados à oração, à meditação e às práticas internas de modo geral.
Correndo por aí Brasil a fora para fazer seminários e conferências ao longo de muitos anos, nos deparamos por vezes com instrutores e dirigentes gnósticos que ingenuamente mantinham em suas casas e altares fotos e quadros de figuras de distintas linhas filosóficas e espirituais, e até mesmo de vertentes tenebrosas, numa completa demonstração de que ali se acendiam velas para Deus e para o Diabo.
Efetivamente, todos precisamos mudar – e mudar muito. Quão longe estamos da profundidade requerida pela Divina Gnose. Quão longe estamos do autêntico sentido da veneração e da mística – e por isso mesmo, quem sabe, temos necessidade psicológica de buscar ou estar presentes em doutrinas exóticas que soam macias, suaves e doces aos nossos ouvidos, mas que jamais nos darão a total integração de nosso SER. De fato, a Gnose é uma doutrina para poucos – para os poucos que querem a ALTA INICIAÇÃO.
Ensina-nos o Mestre Samael, baseado na mesma doutrina do Cristo, que não se pode guardar vinho novo em odres velhos, porque rebenta o odre ou contamina o vinho. A NOVÍSSIMA DOUTRINA DO MUNDO, a Gnose Aquariana, é, sem dúvida, este conhecimento trazido pelo último Avatar de Vishnu. Bem verdade que ainda não entendemos nem captamos o verdadeiro sentido da Gnose ou da sagrada doutrina do Avatar de Aquário. Mas isso, basicamente, é devido a que ainda seguimos com velhos modelos mentais e antigos paradigmas psicológicos. Por não haver compreendido adequadamente a doutrina gnóstica aquariana, seguimos ensinando mal e praticando de forma equivocada. Nem conseguimos mudar a nós mesmos quanto mais mudar o mundo a nossa volta.
Muitos, por aí, até criticam os católicos ou os budistas, mas esses ao menos conseguem sustentar uma disciplina de práticas invejável, fazem sacrifícios, penitências e são fiéis ao que acreditam. Não ficam borboleteando de escola em escola, ou de religião em religião ou misturando sistemas e práticas muitas vezes contraditórios e até mesmo perigosos.
Tudo que temos a fazer é morrer em defeitos, crescer em virtudes, buscar e viver a pureza e a castidade e tratar de viver de forma reta e justa. Com isso, conquistaremos nossa individualidade e poderemos encarnar nosso Ser.
Evidentemente, cada um é livre para fazer o que bem quiser. Mas, aqueles que andam saltando de galho em galho certamente estão perdidos e confusos, não crêem em nada nem aceitam o novo, muito menos estão dispostos a vivenciar por si mesmos as realidades predicadas pela Nova Mensagem; no fundo crêem que “algo” ou “alguém” poderá operar um milagre em suas vidas…
Muitos de nós caímos na tentação de querer estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Muitos dizem estudar e praticar a doutrina do Mestre Samael, mas não vêem inconveniente algum em misturar derivações doutrinárias criadas por supostos “novos mestres” esquecendo-se da lei básica de que ESTAR não significa SER.
Mais que nunca, dado o curto tempo a nós reservado, temos que ir direto ao ponto central da Gnose e esquecer as tecnicalidades filosóficas. A práxis da Gnose Aquariana se resume a três fatores:
1. Morrer em defeitos (e crescer em virtudes)
2. (Re)Nascer do espírito (como disse Jeshuá a Nicodemos)
3. Fazer caridade (ajudar os que sofrem).
De nada serve abandonar a Gnose por considerá-la um sistema exigente e refugiar-se em filosofias em moda. Temos que encarar agora – e de uma vez por todas – o duro trabalho de mudar a nós mesmos enquanto seguimos vivendo entre os gentios e os incircuncisos.
Paz Inverencial!
Para um maior aprofundamento, recomendamos: Dor e Reflexão
Autor: Karl Bunn
Comentários
Os comentários estão fechados.