Educação das crianças
“Educai as crianças e não será preciso punir os homens” (Pitágoras).
Educar é levar a criança a compreender a vida tal qual ela é e não como imagina que seja. É ensinar-lhe a defender seus pontos de vista, mesmo contra todos os demais, e com o sentimento de que, se cedermos, estaremos indo contra nós mesmos. Mas também é ensinar-lhe a reconhecer, respeitar e compreender o ponto de vista do outro. Só que as crianças, da mesma forma que nós, cedem continuamente e por isso temos de ensinar-lhes a manter sua posição, sem que a teimosia seja o fator dominante (Método Etievan).
EDUCAR A CRIANÇA INTERNA E EXTERNAMENTE
Para que uma criança cresça forte e sadia é preciso treinar e fortalecer seus músculos. Com os músculos internos não é diferente, são eles que darão força interior à criança. Os músculos internos são educados através da ATENÇÃO e da VONTADE.
Se a criança não é treinada a prestar atenção, será um adulto desatento em sem foco; não obterá sucesso no caminho interno. Enquanto a criança não for exigida a dar mais do que, cômoda e facilmente, pode dar, ela não aprenderá a ter vontade suficiente para realizar um esforço, para enfrentar as dificuldades da vida e para desenvolver um caráter fortalecido.
A criança necessita de direção e esse papel deve ser assumido pelos pais e pelos professores; estes devem ver a direção pela qual irão conduzi-la e devem estimular o interesse para que ela siga o caminho indicado.
A criança tem que ser ensinada; não aprenderá por si mesma. Ela não viveu, não sofreu, não pagou para saber. Os pais e os professores – os adultos – sim! Além disso, não só a criança, mas também os adultos, aprendem por imitação.
AMOR AO ESFORÇO
É fundamental ensinarmos à criança o amor ao esforço. Para isso é preciso treino, porque uma (grande) parte de nós, muito decidida, não quer saber de esforços. São nossos defeitos, nossos ‘eus psicológicos’ que boicotam os esforços positivos. Lutando contra essa parte, aprendemos como lutar e até começamos a gostar do esforço contínuo.
Eis o primeiro fator gnóstico: Morrer, ou em palavras mais simples, eliminar essa grande parte de nós que nos impede de seguir em frente, para o alto e avante!
Quando perseveramos e vencemos, já estamos amando o esforço e, a partir daí podemos ensiná-lo a outros. O que vale não é um esforço desesperado, mas um pequeno tentar contínuo, dia após dia.
O esforço deve ser estimulante, o resultado de um trabalho cumprido que nos alegre e nos dê profunda satisfação.
As dificuldades são sempre desafios dos quais fugimos seja porque não temos confiança em nós mesmos, porque não acreditamos que podemos enfrentá-las, ou seja porque queremos nos manter sempre como estamos, sem mudanças, sem esforços.
Temos o dever de ensinar as crianças uma outra visão sobre as dificuldades: podemos dar a elas coisas variadas e difíceis para fazer, e assim estaremos treinando-as para confiarem em si mesmas, para enfrentar os diferentes problemas da vida. Devemos ensinar a elas que o desafio é uma ajuda para que aprendam a confiar e amar o esforço. O desafio é uma chamada para que elas se manifestem, se exponham, pensem e realizem o que pensam.
De esforço em esforço a criança vai crescendo e se tornando um adulto que pode responder ao desafio do desconhecido, das dificuldades, dos sofrimentos. Um adulto preparado para enfrentar a vida… Sem medos, pretensões, nem mentiras.
Aprender a ser diferente é imprescindível.
Devemos aprender a ser menos passivos interiormente, menos acomodados, menos temerosos. A passividade, o comodismo, o medo nos levam à fuga, ao sonho, ao abandono.
Não podemos nos transformar de uma hora para outra em seres diferentes do que somos, e justamente o que somos é o que a criança irá copiar e imitar. Por isso é necessário, a cada dia, treinarmos um pouco mais a nós mesmos também.
Autor: Helen Sarto de Mello
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